TRADIÇÃO E FÉ EMOCIONA MILHARES DE FIÉIS COM ENCENAÇÃO DA PERSEGUIÇÃO A JESUS, PROCISSÃO DO FOGARÉU EM GOIÁS | Revista REDE
Com túnicas, capuzes e tochas nas mãos, farricocos,
que
representam os soldados romanos, seguiram descalços pelas ruas de pedra da
antiga capital do estado.
Tradição começou em 1745.
Revista REDE
Texto: Vitor Santana, publicação na integra G1-GO
Texto: Vitor Santana, publicação na integra G1-GO
18/04/2019 - 06:19:08
À 0h desta quinta-feira, 18/04, os farricocos se
alinharam em frente ao Museu de Arte Sacra da Boa Morte para começar a
Procissão do Fogaréu. Ao toque dos tambores, eles, que representam os soldados
romanos, começam a rodar a cidade de Goiás com tochas nas mãos atrás de Jesus
Cristo para crucificá-lo. Milhares de pessoas acompanharam, emocionadas, a
caminhada, que tem mais de 250 anos de tradição.
A encenação aconteceu pela primeira vez em Goiás em 1745.
Desde então, 40 moradores da cidade vestem as túnicas e capuzes coloridos e
saem descalços pelas ruas irregulares de pedra do município. Nenhum deles diz
se importar com dor ou incômodo.
As luzes são apagadas ainda na noite de quarta-feira, 17/04,
e apenas as chamas das tochas, os flashes de celulares e a lua cheia iluminam
os passos . Às 23h, as equipes checam toda a vestimenta e as entregam aos farricocos.
Começa o momento de adrenalina e ansiedade.
Há nove anos participando da procissão, o estudante Pedro
Henrique Alves Martins, de 24 anos, é o responsável por carregar o estandarte
com a imagem de Jesus Cristo, simbolizando sua captura e crucificação.
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Estandarte representa o momento da prisão de Jesus Cristo pelos farricocos — Foto: Vitor Santana/G1 |
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Farricocos durante a Procissão do Fogaréu, na cidade de Goiás — Foto: Vitor Santana/G1 |
“Esse é o segundo ano que levo o estandarte. Antes de mim
era o meu pai. Agora, dou continuidade a essa tradição. É uma sensação difícil
de descrever, fica um misto de nervosismo e ansiedade. E a gente sempre se
emociona”, relatou.
Já o policial militar reformado Carlos Santana participa
há 40 anos da encenação. Começou na fanfarra, que dita o ritmo da caminhada, e
hoje é o farricoco responsável por tocar o clarim que anuncia a prisão do filho
de Deus.
“A gente vai se acostumando com os anos, mas é sempre uma
adrenalina. Comecei nos anos 80 e venho mantendo esse compromisso até
hoje", afirma.
TURISTAS INTERNACIONAIS
A primeira parada é no Santuário do Rosário, que
representa a Santa Ceia. A imagem dos farricocos com a tocha nas escadarias
enche os olhos dos turistas, principalmente estrangeiros.
“Nunca vi algo assim, é muito bonito e diferente. Estou
impressionado”, disse o inglês Thomas Zach, que está passando férias no Brasil
com a esposa e dois filhos.
A aposentada Maria Siqueira de Assunção escolheu um lugar
alto para esperar os farricocos chegarem. “Tem dez anos que saio de Goiânia e
venho para cá acompanhar. Todo ano me emociono e choro”, relatou.
A procissão segue até a Igreja de São Francisco, onde
acontece a prisão de Cristo. O toque do clarim volta a emocionar os presentes,
que rezam o Pai Nosso e a Ave Maria.
À 1h da madrugada, os farricocos voltam ao ponto de
partida. As tochas são apagadas. É o fim da celebração. Mas um reforço para a
tradição e uma marca nos corações dos fiéis.
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Farricocos
saem pela cidade de Goiás em busca de Jesus Cristo — Foto: Vitor Santana/G1 |
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Farricocos nas escadarias do Santuário do Rosário, em Goiás — Foto: Vitor Santana/G1 |
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