ALERTA PARA O #10YEARSCHALLENGE DO FACEBOOK E INSTAGRAM. | RevistaREDE


 Nos últimos dias a hashtag acumulou mais de 3,5 milhões de posts só no Instagram.

Mark Zuckerberg, criador do Facebook | Imagem: Divulgação

Conhecido como #10YearsChallenge (desafio dos 10 anos, em inglês), o mais recente "desafio" viral nas redes sociais é postar lado a lado uma foto de hoje e outra de dez anos atrás para fazer a comparação.

É apenas uma brincadeira inocente, correto?

Pode ser. Mas como as plataformas de redes sociais sempre encontram uma maneira de lucrar com as modas virais, também pode não ser.

A moda se espalhou rapidamente e aparentemente de maneira orgânica. Participaram desde usuários comuns do Facebook e do Instagram até celebridades e contas oficiais de autoridades.

A preocupação com a segurança do meme começou há 2 dias, quando a autora Kate O'Neill publicou uma coluna na Wired sobre os problemas de segurança trazidos pelo desafio. Ela defendeu que os usuários precisam ser cuidadosos e estar cientes dos dados que eles geram nas redes sociais e como eles podem ser usados em grande escala.

As empresas de tecnologia investem cada vez mais em tecnologias de reconhecimento facial. | Imagem: GETTY

Segundo a explicação de Anil Jain, pesquisador de visão computacional e biométrica na Universidade de Michigan, para atingir esse objetivo, empresas como Facebook e Google se dedicam a rastrear a rede para compilar grandes volumes de informação e alimentar a inteligência artificial dos robôs (que precisam de modelos para ser basear).

Sob essa lógica, o #10YearsChallenge facilita muito essa tarefa. "É só uma brincadeira", diz Jain à BBC. "Mas no processo estamos fornecendo uma informação valiosa e etiquetada." "É uma forma inteligente de coletar informação." A grande questão: quem está fazendo essa coleta e para que será usada essa informação?

Segundo a especialista em privacidade e tecnologia Ann Cavoukian, da Universidade Ryerson, no Canadá, um sistema capaz de notar o quão rápido um indivíduo envelheceu pode ser usado para aumentar o preço de um seguro de vida ou de saúde, por exemplo. A tecnologia pode ser usada para rastrear criminosos, mas também para monitorar pessoas inocentes.

Um caso polêmico aconteceu em 2016, quando a Amazon começou a vender seus serviços de reconhecimento facial a agências governamentais dos Estados Unidos. Preocupadas com essas questões, organizações civis e alguns acionistas e funcionários da Amazon pediram para a empresa deixar de vender o serviço.
 
Tecnologias de reconhecimento facil estão cada vez mais avançadas. | Imagem: GETTY

Paranoia?

O Facebook afirmou, em nota, que o desafio dos 10 anos é um "meme gerado por um usuário e que se tornou viral sozinho."

"O Facebook não começou essa tendência e não ganha nada com esse meme", disse a empresa à BBC.

A empresa afirmou também que as pessoas podem desativar a opção de reconhecimento facial a qualquer momento.


Especialistas recomendam cautela ao compartilhar fotos na rede. |Imagem: GETTY

Cavoukian e Jain concordam que para um usuário comum é muito complicado saber exatamente para que suas informações serão usadas.

"Se está preocupado com sua privacidade, não participe", diz Jain.

Cavoukian também recomenda cautela. "Nosso rosto é uma das fontes de informação mais valiosas para as tecnologias emergentes", diz. "Eu insisto que as pessoas não devem participar (do desafio)."

"Se, depois de analisar as possíveis consequências, decidir participar, participe! Mas primeiro pense nos efeitos que isso pode ter no longo prazo."


Pesquisado por: Dulci Moura | Revista REDE

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