Compras até o
final de dezembro ainda estão livres dos reajustes. Veja mais dicas dos
especialistas para economizar
Famílias que quiserem gastar menos com a lista de
material escolar das crianças devem fazer as compras ainda este ano, para fugir
dos reajustes e aproveitar as liquidações. A estimativa é que os itens pedidos
pelas escolas fiquem, em média, 10% mais caros em janeiro, segundo os cálculos
da Associação Brasileira dos Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares
(Abfiae).
De acordo com o responsável pelas relações institucionais
da associação, Ricardo Carrijo, a correção nos preços dos itens escolares, no início
de 2019, vai ocorrer em função dos reajustes significativos no preço do papel
em 2018, que influencia o valor de produtos como cadernos, livros e agendas.
Isso sem contar o aumento do dólar, com impacto nos preços dos importados. De
20% a 25% dos materiais escolares vêm de fora do país, segundo a Abfiae.
— É sempre bom antecipar as compras para aproveitar as
liquidações dos estoques anteriores — explicou Carrijo.
Por isso, Ricardo Teixeira, coordenador do MBA em Gestão
Financeira da FGV, afirmou que o segredo para economizar é se planejar:
— Quem pesquisa, compara os preços e negocia certamente
gastará menos.
Haroldo Monteiro, professor de Finanças Corporativas da
Pós-Graduação e MBA do Ibmec-RJ, sugere que as compras sejam feitas entre o
Natal e o Ano-Novo.
— Depois que passa o Natal, o comércio fica menos
aquecido, e pode ser mais fácil encontrar preços melhores — avalia. O
especialista recomenda também que os pais evitem itens com personagens de
desenhos animados e filmes, em geral mais caros, e reutilizem os materiais de
anos anteriores.
A advogada Dianne Medeiros, de 48 anos, já está começando
a pesquisar os preços do material escolar para a filha Lara, de 12.
— Prefiro comprar antes de virar o ano, que além de ser
mais sossegado, tem preços mais baixos — disse ela, que também busca reduzir os
itens da lista: — Aproveito ao máximo o que sobra do ano anterior e evito
comprar itens como estojo e pasta todo ano.
A também advogada Manoela Brandão contou que recebe a
primeira parcela de seu 13º salário em janeiro. Por isso, tenta comprar nos
primeiros dias do mês.
— Busco comprar o mais cedo possível. O ideal é tentar um
desconto no pagamento à vista, mas, se não for possível, pode valer a pena
parcelar em várias vezes, desde que seja sem juros — sugeriu Monteiro.
Algumas lojas oferecem preços diferentes para compras no
atacado, ou seja, mais uma forma de economizar. É o caso da rede Caçula, em que
as compras com valor total acima de R$ 750 geram descontos para alguns itens.
Um caderno simples, por exemplo, que sairia por R$ 19,53, passa a custar R$
17,30. A tinta guache (12 cores) cai de R$ 7,23 para R$ 6,40.
A enfermeira Valéria Ribeiro, de 41 anos, este ano vai
sugerir ao grupo das mães da escola do filho que as compras sejam feitas em
conjunto:
— Podemos aproveitar os preços do atacado, e a lista fica
menos pesada financeiramente para todos nós — afirmou.
Diferença chega a
564%
Pesquisar e comparar os valores é o primeiro passo para
garantir o menor preço nas compras de material escolar. Entre as lojas
visitadas pela reportagem, a diferença de valores para o mesmo produto chegou a
564% — um conjunto de quatro lápis pretos custa R$ 3,79 nas Lojas Americanas,
mas custa R$ 20,90 na Saraiva. No valor total da lista, a diferença apurada foi
de 312,6%, sendo o valor mais baixo encontrado na Caçula, onde os materiais
saíram por R$ 87,97. A lista mais cara foi a vendida pela Saraiva, que
totalizou R$ 275.
De acordo com o professor Ricardo Teixeira, da FGV, o
consumidor deve fazer as contas para verificar se vale a pena comprar cada item
separadamente, onde for mais barato, ou adquirir toda a lista na mesma loja e
garantir os descontos do atacado:
— Os pais também podem tentar apresentar na loja os
preços dos concorrentes e negociar um valor mais baixo.
Segundo o especialista, dezembro é o mês ideal para
pesquisar, enquanto as lojas ainda não lançaram as campanhas de volta às aulas.
— Quanto antes os pais forem às compras, menor a chance
de os preços serem pressionados pela inflação.
Setor espera crescimento
nas vendas
Mesmo com a situação econômica do país, a Abfiae espera
um crescimento de 5% nas vendas no período de volta às aulas de 2019, em com
comparação com a mesma época deste ano.
— Estamos bastante otimistas e apostando que o consumo
vai retornar forte em 2019 — afirmou Ricardo Carrijo, responsável pela área de
relações institucionais da associação.
Segundo ele, o auge das vendas do setor ocorre de
novembro a fevereiro, de modo que o desempenho da indústria nesse período é
decisivo para as empresas.
Agência O Globo
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